Disciplina concentrada com Alejandra Oberti em julho de 2022

03/06/2022 10:14

Nos dias 7, 8 14 e 15 de julho, das 9h às 12h, o Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas irá ofertar a Disciplina Concentrada (1 crédito) “O ativismo político das mulheres no Cone Sul“, com a Profa. Alejandra Oberti, da Universidade de Buenos Aires (UBA – Argentina).

As matrículas podem ser feitas do dia 20 a 30 de junho.

As professoras responsáveis são as coordenadoras do LEGH, Cristina Scheibe Wolff e Janine Gomes da Silva, e a disciplina faz parte do Projeto Práticas Culturais, Direitos Humanos e Educação: violências, gênero, diversidades /Print-UFSC-CAPES. A Professoa Alejandra Oberti virá com bolsa de Professora Visitante do PRINT/ PPGICH/UFSC/CAPES.

SERVIÇO:

Disciplina concentrada: dias 07, 08, 14 e 15 de julho de 2022 – das 09:00 às 12:00
Local: Auditório Bloco F – CFH 7o. Andar
Informações: ppgich@contato.ufsc.br
Arte: Elaine Schmitt

Encontros do LEGH retornam em abril

17/04/2022 13:34

Tudo preparado para mais um ano letivo e as atividades do LEGH já estão programadas!

Os encontros semanais de estudos, que acontecem todas as quartas-feiras, das 14h30 às 16h30, voltam com tudo a partir do dia 20 de abril.

A primeira leitura do ano será do texto “A emergência da pesquisa da história das mulheres e das relações de gênero”, das professoras Rachel Soihet e Joana Maria Pedro, publicado na Revista Brasileira de História, em 2007.

Quem fará o fichamento e apresentação será a própria professora Joana Maria Pedro. Imperdível!

A lista com todas as atividades programadas para o ano está disponível AQUI.

Para participar das nossas reuniões e encontros, envie um email para legh.cfh@gmail.com.

Todas, todes e todos são bem vindes. Vamos dialogar, aprender e aprofundar nossas pesquisas juntes? <3

LEGH renova a identidade visual para contemplar novos projetos

30/03/2022 11:58

Em 2022, o LEGH renovou sua identidade visual para adequar a imagem aos novos projetos em desenvolvimento.

Desde 2021, as professoras do LEGH têm coordenado projetos de pesquisa que tratam do passado recente, envolvendo os feminismos plurais, o campo de gênero e suas disputas, as mulheres na política, as várias identidades de gênero no espaço público, entre outros temas.

Os projetos em andamento são: “Internet e Igualdade de Gênero”, coordenado pela professora Dra. Cristina Scheibe Wolff; “MANDONAS: memórias, políticas e feminismos no Cone Sul (1980-2020)”, coordenado pela professora Dra. Joana Maria Pedro; “Laboratório de Estudos de Gênero e História, um Arquivo dos Feminismos”, coordenado pela professora Dra. Janine Gomes da Silva; e “Estudantes feministas: possíveis promotoras de uma virada epistêmica no ensino nas universidades?”, coordenado pela professora Dra. Soraia Carolina de Mello.

Você pode conhecer detalhes sobre cada um deles AQUI.

Considerando uma estética mais contemporânea e alinhada aos novos projetos, Elaine Schmitt, doutoranda do PPGICH e integrante do LEGH desde 2016, elaborou a nova identidade do LEGH para as redes sociais. Gostaram?

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LEGH realiza Seminário Interno do Projeto “Internet”

17/02/2022 15:19

No último dia 09 de fevereiro, das 14h30 às 16h30, o Laboratório de Estudos de Gênero e História realizou, pela Plataforma Zoom, um Seminário Interno para apresentação das pesquisas em desenvolvimento do Projeto “A internet como campo de disputas pela igualdade de gênero“.

Coordenado pela pela professora Cristina Scheibe Wolff, o projeto foi ontemplado pelo Edital de Chamada Pública 12/2020 – FAPESC 12/2020 – PROGRAMA DE PESQUISA UNIVERSAL.

As pesquisas envolvem a temática dos feminismos, estudos de gênero, mulheres na política, humor feminista, discursos antifeministas, entre outras, e estão sendo desenvolvidas pelas/os pesquisadoras/es do LEGH, individualmente ou organizados em grupos por afinidade temática.

O Projeto é composto pelas professoras e demais integrantes do LEGH, entre elas/es, estudantes de graduação, mestrado, doutorado e pesquisadoras de pós-doutorado. Além do LEGH, também participa da equipe do Projeto o Grupo de Pesquisa da professora Mirella Moura Moro, do Departamento de Ciências da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Além das temáticas e problemas de pesquisa diversos, as mídias e redes sociais analisadas também são variadas. Entre elas estão sites, o Instagram, o Facebook, o Twitter, o Youtube e podcasts. Como resultados do Projeto, estão previstos artigos, capítulos de livros, cartilhas e materiais informativos diversos, entre outros.

Lançamento do Livro “Políticas da Emoção e do Gênero no Cone Sul”

15/12/2021 09:22

Acaba de sair do forno o livro “Políticas da Emoção e do Gênero no Cone Sul”, organizado pela professora dra. Cristina Scheibe Wolff. O evento de lançamento lançamento vai acontecer na quinta-feira, 16 de dezembro de 2021, pelo nosso canal do youtube Gênero e História.

Você pode assistir à live de lançamento clicando aqui.

Organizado pela professora dra. Cristina Scheibe Wolff, o livro é composto por capítulos escritos por pesquisadoras e pesquisadores do Legh e entrelaçam emoções como o amor, a amizade, o medo, o luto, o ódio, a raiva, o riso, a coragem, a solidariedade, a culpa, a voluntariedade e a esperança na luta e resistência contra as ditaduras militares nos países do Cone Sul latino-americano, além de um capítulos teórico que aborda a metodologia e as teorias que embasaram as análises envolvendo emoções, gênero e História.

O livro é um dos resultados do Projeto “Políticas da emoção e do gênero na resistência às ditaduras militares no Cone Sul”, também coordenado pela professora Cristina Scheibe Wolff, no Laboratório de Estudos de Gênero e História da Universidade Federal de Santa Catarina (LEGH/UFSC), com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.

Você pode fazer o download gratuito da versão digital do livro clicando aqui.

Além do livro, o projeto também desenvolveu vídeos curtas-metragens relacionado a cada um dos capítulos. Os vídeos estão disponíveis na Playlist “Projeto Políticas da Emoção” no nosso canal Gênero e História, do Youtube. Para acessar, clique aqui.

 

Captura de tela com algumas/ns autoras/es do livro, na live de lançamento, no dia 16/12/2021.

Prêmio Mulheres na Ciência: Cristina Scheibe Wolff

26/11/2021 10:55

Em 2022, a historiadora Cristina Scheibe Wolff completa 30 anos como professora do Departamento de História do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina (CFH/UFSC). Com uma trajetória acadêmica marcada por significativas contribuições ao debate sobre questões de gênero no campo da História, Cristina é uma das homenageadas pelo Prêmio Mulheres na Ciência 2021, promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq/UFSC). Ela foi a vencedora na área de Ciências Humanas da categoria Sênior, voltada a pesquisadoras que ingressaram na UFSC até o ano 2000.

Para quem sempre buscou ressaltar a relevância de dirigirmos um olhar para a História a partir de uma perspectiva feminista, essa conquista revela-se ainda mais especial: “Eu me senti muito honrada e feliz, fiquei muito emocionada por ter sido uma das escolhidas. Esse prêmio mostra as mulheres como protagonistas da ciência, chama a atenção de todos que fazem parte da UFSC, professoras e professores, estudantes e servidores técnicos, além da própria sociedade, para a importância da atuação das mulheres como pesquisadoras”, avalia Cristina. Para ela, ao destacar a carreira das mulheres cientistas e sua presença no campo acadêmico, o prêmio é um incentivo para as jovens cientistas: “É um estímulo para que continuem pesquisando, apesar da situação tão difícil que o campo científico está vivendo no Brasil. Ao perceberem que outras mulheres fizeram suas carreiras como cientistas e seguem contribuindo para a produção científica no Brasil, elas são incentivadas a trilhar o mesmo caminho, a pensar que a carreira acadêmica é uma possibilidade.”

Dar visibilidade à presença das mulheres não apenas no campo acadêmico, mas nos mais diversos espaços de atuação, vivência e transformação da sociedade é uma característica intrínseca ao trabalho que Cristina vem desenvolvendo na UFSC desde seu ingresso como docente, em 1992. “Ao longo da história, as mulheres sempre foram invisibilizadas. A grande questão não é que não existiam mulheres fazendo ciência. Geralmente, as estruturas sociais contribuíram para que as mulheres fossem invisibilizadas e esquecidas, nos mais diversos campos intelectuais. Quando pensamos em grandes escritores de tempos passados, por exemplo, já falamos automaticamente em escritores, no masculino. Pensamos logo nos homens, dificilmente nos lembramos das mulheres que também foram grandes escritoras.”

Apesar de observar uma presença cada vez maior das mulheres na universidade, Cristina avalia que ainda há muito por conquistar: “São muitos os espaços que ainda não foram ocupados por mulheres. Mesmo nas humanidades, que é uma área onde as mulheres sempre estiveram mais presentes, ainda são os homens que ocupam os cargos mais altos na carreira científica. A porcentagem de homens em relação às mulheres vai subindo à medida em que se progride na carreira. Ainda é mais fácil para os homens ocuparem as posições mais prestigiadas na carreira científica.”

Trajetória

Cristina no dia da sua formatura em História, em 1988. Foto: Acervo pessoal.

Cristina Scheibe Wolff tem uma relação não apenas profissional, mas também familiar e afetiva com a UFSC. Ela já frequentava o campus muito antes de imaginar que um dia se tornaria professora da universidade: “Eu praticamente nasci dentro da UFSC, porque meus pais eram professores. Aos 10 anos de idade eu comecei a estudar no Colégio de Aplicação.” Seu pai, Luiz Fernando Scheibe, aposentou-se como professor titular emérito do Departamento de Geociências (GCN/UFSC) em 2012, mas segue atuando como voluntário junto a grupos de pesquisa e programas de pós-graduação. Sua mãe, Leda Scheibe, também aposentada, foi professora do Departamento de Metodologia de Ensino (MEN/UFSC) até 1997 e ainda exerce a função de editora da revista acadêmica Retratos da Escola.

“Estudei por dois anos no Colégio de Aplicação. Depois, meus pais se mudaram para São Paulo para fazer pós-graduação. Quando voltamos para Florianópolis, fiz o final do Ensino Médio no Aplicação e então prestei vestibular para o curso de História”, relembra Cristina, que se formou em História na UFSC em 1988. Assim que ingressou na graduação, ela passou a aproveitar as diversas oportunidades que a vida universitária proporcionava, indo muito além do espaço da sala de aula. “Participei de um projeto de extensão que se chamava ‘Universidade na roça’, que foi muito importante para a minha carreira. O projeto era coordenado pelo professor José Ari Celso Martendal, do departamento de Filosofia, e tinha um caráter interdisciplinar. Foi um grande aprendizado sobre como fazer um projeto de pesquisa, como desenvolver uma metodologia científica.”

Capa do livro “Associação Bocaina: uma conquista dos agricultores”.

Pelo projeto, Cristina atuou em uma comunidade de Bocaina do Sul, localizada no interior de Santa Catarina, próxima a Lages. Sua proposta era escrever a história da Associação de Pequenos e Médios Agricultores usando como recursos a história oral e documentos que encontrasse por lá: “Os fundamentos do projeto eram as perspectivas de Paulo Freire, enfocando uma pedagogia crítica e respeitosa dos saberes populares, e de Antônio Gramsci que destacava a importância da formação de intelectuais comprometidos com os interesses do povo, o papel destes intelectuais na construção de uma nova sociedade.” Os resultados dessa pesquisa foram editados em um pequeno livro, que ela ainda guarda com carinho, por ter sido sua primeira publicação acadêmica.

Cristina também foi estagiária de pesquisa da professora Joana Maria Pedro, que em breve seria sua colega de departamento. “A tese de doutorado dela era sobre a história das mulheres em Santa Catarina e minha atividade como bolsista era pesquisar os jornais de Blumenau. Foi dessa pesquisa que saiu o meu projeto de mestrado.” Em 1989, ela retornou a São Paulo, dessa vez para fazer mestrado em História na PUC – São Paulo. Defendeu sua dissertação em 1991, com o título “As mulheres da Colônia Blumenau – Cotidiano e trabalho. 1850-1900.

Assim que concluiu o mestrado, Cristina foi aprovada em concurso para docente do departamento de História da UFSC, cuja vaga era destinada à disciplina de História Antiga e Medieval. Como essa não era sua especialidade, ela precisou se esforçar bastante para preparar as aulas, conforme relembra: “Tive que aprender, estudar muito. Naquela época, eu escrevia em cadernos tudo que ia dizer na aula e fazia transparências de todo o conteúdo.” Por ainda não ter experiência dando aulas, ela usava a criatividade: “Às vezes eu levava música, fazíamos dramatizações da Ilíada. Eu ensinava a partir das grandes tragédias e comédias. Algumas ex-alunas, que agora são minhas colegas, se lembram dessas minhas primeiras aulas até hoje.” Logo Cristina começou a lecionar também a disciplina de História de Santa Catarina, área que lhe era bem mais familiar.

Em 1994, retornou a São Paulo para iniciar seu doutorado na USP, com orientação da professora Maria Odila Leite da Silva Dias, reconhecida como uma das pioneiras no estudo da história das mulheres no Brasil. Seu livro “Cotidiano e Poder em São Paulo no século XIX” (Brasiliense, 1984) é considerado um clássico da área. Durante o primeiro ano do doutorado, Cristina cursou uma disciplina com outra professora que admirava muito, Manuela Carneiro da Cunha. “O nome da disciplina era Sociedade e Meio Ambiente e seu intuito era formar um grupo de pesquisa sobre a Amazônia. Ela estava montando uma equipe para pesquisar na Reserva Extrativista do Alto Juruá, no Acre. O objetivo do projeto era responder até que ponto o extrativismo nessa região seria uma prática sustentável.”

Cristina em canoa no rio Tejo, na Reserva Extrativista do Alto Juruá, em 1995. Foto: Ruy Ávila Wolff.

Seu marido, Ruy Avila Wolff, que era agrônomo e tinha mestrado em Geografia, foi contratado pelo projeto. Cristina ficou tão animada com a possibilidade de acompanhá-lo na expedição, que decidiu mudar seu projeto de tese para que também pudesse trabalhar na reserva extrativista. “Migrei para uma área que era completamente desconhecida para mim, mas mantive o foco na questão de gênero. Decidi pesquisar sobre a história das mulheres na Amazônia.”

O casal viveu dentro da floresta durante o ano de 1995. Nesse período, Cristina realizou sua pesquisa de campo: “Trabalhei com o período histórico de 1890 a 1945. Fiz 29 entrevistas com pessoas mais velhas que moravam na reserva e também em Cruzeiro do Sul, que era a cidade mais próxima. Também pesquisei processos judiciais no Fórum de Cruzeiro do Sul e montei um banco de dados com três mil processos, além de jornais e outros documentos, como relatos de viajantes, literatura. Reuni tudo que achei sobre a história das mulheres desse lugar e desse período histórico.”

Capa do livro “Mulheres da Floresta”.

Sua tese de doutorado deu origem ao livro “Mulheres da Floresta – Uma história Alto Juruá, Acre (1890-1945) (Hucitec, 1999)”, que está esgotado, mas em breve será lançada a segunda edição. De tudo que já produziu, esse é o trabalho do qual Cristina mais se orgulha: “Acho que esse livro, resultado da minha tese, é um dos mais completos sobre esse lugar.”

No prefácio da segunda edição, Barbara Weinstein, professora emérita da Universidade de Nova York (NYU) e especialista em História do Brasil, escreveu: “Quero registrar minha profunda admiração por tudo que Cristina Scheibe Wolff conseguiu fazer neste livro, começando com o seu processo exemplar de pesquisa num local onde poucos historiadores iam imaginar que ainda existiria documentação, seja oral, seja escrita. Com Mulheres da Floresta, Cristina nos oferece uma história íntima do mundo que a borracha criou e demonstra que o gênero é realmente uma categoria capaz de renovar de cima a baixo nosso modo de interpretar o passado.”

Retorno à UFSC, maternidade e pós-doutorado

Assim que concluiu o doutorado e retornou à UFSC, Cristina iniciou um novo projeto de pesquisa, intitulado “Índias pegas a laço”, voltado à história das mulheres indígenas em Santa Catarina. Ainda imersa nas reflexões suscitadas a partir de sua experiência na floresta, ela logo percebeu que as comunidades nativas do estado onde vivia tampouco recebiam a devida atenção da academia: “A proposta era registrar a trajetória de mulheres indígenas incorporadas à sociedade ‘branca’ de Santa Catarina, por casamento, adoção ou mesmo captura. Eu pretendia dar visibilidade a um aspecto da construção étnica histórica da sociedade catarinense que ainda havia sido muito pouco explorado.”

Com os filhos Pedro e Luiza, em Paris. Foto: Acervo Pessoal.

Essa pesquisa foi desenvolvida entre 2000 e 2003. Em seguida, ela viveu o que considera ter sido “uma grande mudança de perspectiva de pesquisa” em sua carreira acadêmica: a oportunidade de fazer seu primeiro estágio de pós-doutorado, na Universidade de Rennes II, na França. A essa altura, além de professora e pesquisadora, Cristina também já era mãe. Seu primeiro filho, Pedro, nascera em dezembro de 1996, enquanto cursava o doutorado. Em 2000, nasceu sua segunda filha, Luiza. Ambos, além de seu marido Ruy, acompanharam-na em sua viagem à França, onde estiveram de julho de 2003 a julho de 2004.

No pós-doutorado, Cristina teve a supervisão do professor Luc Capdevila, especialista em questões relacionadas a gênero e conflitos armados, cujos estudos sobre a Guerra do Paraguai são reconhecidos internacionalmente. Ela passou então a pesquisar sobre as relações de gênero nos movimentos de resistência às ditaduras nos países do Cone Sul (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai). Assim que retornou ao Brasil, juntou-se a um projeto de pesquisa mais amplo – “Gênero, feminismos e ditaduras do Cone Sul” –, que tinha a participação de outras professoras do departamento de História, integrantes do Laboratório de Estudos de Gênero e História (LEGH/UFSC).

Inicialmente, Cristina esteve focada exclusivamente no contexto brasileiro. Mas logo sentiu a necessidade de realizar um estudo comparativo com outros países do continente que igualmente viveram períodos ditatoriais. Aos poucos, ela ampliou seu olhar para além da luta armada: “Passei a estudar também outras formas de resistência, especialmente grupos que lutavam por direitos humanos de desaparecidos políticos.”

Os resultados dessas pesquisas foram publicados nos livros “Gênero, Feminismos e Ditaduras no Cone Sul” (2010) e “Resistências, gênero e feminismos contra as ditaduras no Cone Sul” (2011), ambos organizados em conjunto com a professora Joana Maria Pedro, sendo que o último também teve a participação da então doutoranda Ana Maria Veiga, que atualmente é docente da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). As obras estão disponíveis on-line, no acervo da biblioteca da UFSC.

Com o marido, Ruy, e os filhos Pedro e Luiza, nos Estados Unidos. Foto: Acervo pessoal.

Em 2010, Cristina partiu novamente com toda a família, dessa vez para os Estados Unidos, onde fez seu segundo pós-doutorado. Com o projeto “O gênero da resistência na luta contra as ditaduras militares no Cone Sul (1964-1989)”, ela realizou seu estágio no Latin American Studies Center da Universidade de Maryland entre setembro de 2010 e agosto de 2011. Nesse período, pesquisou os documentos das embaixadas norte-americanas que estavam disponíveis no acervo do National Archives e da Library of Congress, ambos localizados muito próximos ao campus universitário.

Revistas Acadêmicas e organização de eventos

Além do ensino e da pesquisa, Cristina sempre esteve envolvida com atividades editoriais e organização de congressos e seminários acadêmicos. Sua primeira experiência como editora de publicação científica foi na disciplina História de Santa Catarina. Desde 2007, os melhores trabalhos produzidos pelos alunos da disciplina são publicados na revista Santa Catarina em História, que foi criada especialmente com esse propósito: “A ideia era publicar os melhores artigos originais, produzidos pelos estudantes, para que este conhecimento não se perdesse em um campo de estudos que tem tão pouca atividade editorial.” A partir de 2011, a revista deixou de ser restrita aos trabalhos da disciplina, passou a receber colaborações de outros pesquisadores e obteve o Qualis B5.

Cristina também vem atuando como editora da Revista Estudos Feministas (REF), publicação acadêmica vinculada à UFSC desde 1999, que se consolidou como principal referência científica sobre estudos de gênero da América Latina. Ela atuou inicialmente como editora de resenhas e depois como editora de artigos. A partir de 2008, passou a ser uma das coordenadoras editoriais da revista, função que ocupa até o momento, tendo se ausentado somente por um ano ao longo desse período. Além de editar artigos, ela também contribui na divulgação e indexação da revista, e elabora projetos para agências de fomento.

Cristina na cerimônia de abertura do 11º Fazendo Gênero e 13º Mundos de Mulheres, em 2017.

Entre os eventos que já organizou, certamente o mais importante deles é o  Seminário Internacional Fazendo Gênero, que ocorre na UFSC desde 1994. Cristina foi uma das coordenadoras gerais do Fazendo Gênero 7, realizado em 2006, e do Fazendo Gênero 11, em 2017. Este último ocorreu em conjunto com o evento internacional 13º Mundos de Mulheres e recebeu um número recorde de inscritas: quase 10 mil pessoas, oriundas de 32 países.

Na mesa de abertura, Cristina discursou diante do auditório do Centro de Cultura e Eventos da UFSC completamente lotado, emocionando o público presente: “O número expressivo de inscrições reflete a importância que os estudos e as reivindicações de gênero assumiram na contemporaneidade. Nós estamos aqui, de punhos erguidos, de mãos dadas, com as nossas reivindicações, nosso saber, nossos gritos, nossos cantos, nossas poesias, nossas imagens, nossos corpos. Estamos aqui, no campus da UFSC, para discutir e pensar os desafios que temos pela frente nesse contexto em que direitos duramente conquistados estão sendo ameaçados e cortados, em que forças retrógradas, fundamentalistas e fascistas parecem ganhar terreno pelo mundo.”

Tanto a organização do Fazendo Gênero como a edição da REF são atividades vinculadas ao Instituto de Estudos de Gênero da UFSC, do qual Cristina também faz parte.

Presente e Futuro

Nos anos mais recentes, Cristina vem se dedicando a novos projetos, ampliando suas possibilidades de pesquisa. Um deles, iniciado em 2015, busca investigar a história das emoções no âmbito dos movimentos de resistência e dos feminismos na América Latina. Com o título “Políticas da emoção e do gênero na resistência às ditaduras do Cone Sul”, ela obteve financiamento do CNPq de editais destinados às Ciências Humanas e de caráter Universal, o que possibilitou reunir um grupo de pesquisadoras. A pesquisa se encerrou em 2021 e seus resultados serão publicados em um livro, previsto para ser lançado nos próximos meses. A equipe também produziu uma série de 11 vídeos, que estão disponíveis no canal do Laboratório de Gênero e História no Youtube.

Em 2016, Cristina passou a se dedicar também ao projeto “Mulheres de Luta: feminismo e esquerdas no Brasil (1964-1985)”, dessa vez financiado por edital específico da CAPES, que tinha como tema “Memórias Brasileiras: Conflitos Sociais”. A pesquisa, desenvolvida junto à equipe do LEGH, resultou na publicação de um livroe na produção de 20 vídeos, cuja playlist está disponível no canal do LEGH no Youtube.

Prestes a completar 30 anos de atividades acadêmicas, Cristina continua motivada com a carreira científica, e segue explorando novas áreas de investigação. Em 2021, ela foi uma das selecionadas no edital universal da FAPESC, com a proposta: “A internet como campo de disputas pela igualdade de gênero”: “Agora comecei a explorar um outro caminho, trabalhando com as questões das redes sociais. Eu me sinto muito empolgada com cada um desses projetos.”

Reportagem por: Daniela Caniçali/Jornalista da Agecom/UFSC
Publicada originalmente em: https://noticias.ufsc.br/2021/11/premio-mulheres-na-ciencia-cristina-scheibe-wolff/#more-231240

Ranking posiciona Joana Maria Pedro como uma das pesquisadoras mais influentes da América Latina

26/10/2021 08:42

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) tem 165 pesquisadores entre os mais influentes da América Latina, segundo o ranking AD Scientific Index 2021, e a nossa querida Joana Maria Pedro, uma das coordenadoras do Laboratório de Estudos de Gênero e História (LEGH/UFSC), é considerada uma das pesquisadoras mais influentes da América Latina.

A professora e atual coordenadora do IEG (Instituto de Estudos de Gênero) possui graduação em História pela Universidade do Vale do Itajaí (1972), mestrado em História pela Universidade Federal de Santa Catarina (1979) e doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo (1992). Fez pós-doutorado na França, na Université d’Avignon, entre 2001 e 2002, e também nos Estados Unidos, na Brown University entre 2016 e 2017.

Em sua vasta produção científica, Joana orientou dezenas de trabalhos de conclusão de curso, dissertações de mestrado e teses de doutorado e coordenou eventos e programas de pós-graduação. Também publicou diversos livros, entre eles, “Mulheres honestas, mulheres faladas” e “Nas tramas entre o público e o privado” e foi coautora de “Gênero, feminismo e ditaduras no Cone Sul”; “História das mulheres no Brasil”; “Nova História das Mulheres”, “O Brasil no Contexto 1987-2007”; “História da cidadania” e “O Brasil no Contexto 1987-2017”.

Entre seus artigos de maior destaque, está “Traduzindo o debate: o uso da categoria gênero na pesquisa histórica”, que possui grande popularidade no âmbito dos estudos feministas e de gênero.

Sua importância na área é reconhecida por inúmeras universidades e pesquisadoras que frequentemente a convidam para ministrar palestras e conferências em várias partes do Brasil e do mundo. Joana também concedeu entrevistas publicadas por revistas científicas como História em Reflexão, História Ciência Saúde – Manguinhos, Revista Em Perspectiva, Revista de História Bilros, entre outras.

UFSC está entre as 10 universidades mais relevantes da América Latina

A UFSC está em destaque no ranking. Entre as 453 instituições de ensino superior latino-americanas, nossa universidade ocupa a 10ª posição, e entre as federais brasileiras, é a 5ª colocada, atrás da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

No ranking dos 10 mil principais cientistas dos países membros do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), a UFSC está na 24ª posição entre 1.033 instituições de ensino ranqueadas. A partir do ranking, conseguimos identificar o desempenho científico e o valor agregado da produtividade científica de cientistas individuais, além de fornecer classificações das instituições.

Instituições do Sul Global, e, sobretudo, as ciências humanas, ainda ocupam lugares marginais em comparação aos países hegemônicos. Contudo, tal mapeamento nos aponta, mesmo que brevemente, o mar de produções significativas da nossa região.

Em tempos de ataque à educação, a pesquisa acadêmica, as revistas científicas, e principalmente, aos estudos de gênero, torna-se de extrema importância comemorar vitórias como essa.

* Com informações do IEG.

Cristina Scheibe Wolff é homenageada por Prêmio Mulheres na Ciência 2021

26/08/2021 10:29

Com objetivo de estimular, valorizar e dar visibilidade às mulheres da UFSC que fazem pesquisas científicas, tecnológicas e inovadoras, divulgando-as de forma ampla, a Pró-reitoria de Pesquisa (Propesq/UFSC) divulga o resultado da primeira edição do Prêmio Mulheres na Ciência. A professora Cristina Scheibe Wolff, pesquisadora do LEGH/UFSC, foi a vencedora na categoria Sênior.

O Prêmio se destina a inspirar a comunidade científica interna e externa nas diferentes áreas do conhecimento e contribuir para diminuir a assimetria de gênero na ciência. A premiação está dividida em três categorias, Júnior (pesquisadoras que ingressaram no quadro permanente da UFSC após 31/12/2013); Plena (pesquisadoras que ingressaram no quadro permanente da UFSC entre 31/12/2000 e 31/12/2013); e Sênior (pesquisadoras que ingressaram no quadro permanente da UFSC antes de 31/12/2000).

As premiadas recebem um diploma do Prêmio e um vídeo realizado pela AGECOM/UFSC para divulgação científica, a ser veiculado em canais de comunicação e que  comporá a Galeria de Destaques na Ciência da Propesq.

Toda a comunidade do LEGH/UFSC parabeniza a professora Cristina Scheibe Wolff por seu excelente trabalho e pela inspiração que é para cada uma/ume/um de nós. Somos muito gratas/es/os por podermos aprender com essa competente e carinhosa professora! Parabéns, profe Cris!

Que a ciência se torne cada vez mais acessível a todas as mulheres, e que a contribuição das mulheres na ciência seja algo cada vez mais evidente e valorizado em todas as áreas do conhecimento.

Conheça todas as vencedoras desta edição:

Categoria Junior

Ciência da Vida: Ione Jayce Ceola Schneider (Departamento de Ciências da Saúde, Campus Araranguá)
Ciências Humanas: Marília de Nardin Budó (Departamento de Direito, Centro de Ciências Jurídicas)
Ciências Exatas e da Terra: Christiane Fernandes Horn (Departamento de Química, Centro de Ciências Físicas e Matemáticas)

Categoria Plena

Ciências da Vida: Maria Jose Hotzel (Departamento de Zootecnia e Desenvolvimento Rural, Centro de Ciências Agrárias)
Ciências Humanas: Daniela Karine Ramos (Departamento de Metodologia de Ensino, Centro de Ciências da Educação)
Ciências Exatas e da Terra: Lucila Maria de Souza Campos (Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas, Centro Tecnológico)

Categoria Sênior

Ciências da Vida: Ana Lucia Severo Rodrigues (Departamento de Bioquímica, Centro de Ciências Biológicas)
Ciências Humanas: Cristina Scheibe Wolff (Departamento de História, Centro de Filosofia e Ciências Humanas)
Ciências Exatas e da Terra: Regina de Fátima Peralta Muniz Moreira (Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos, Centro Tecnológico)

Seleção de bolsistas e voluntárias/es/os PIBIC para o LEGH – 2021/2022

04/08/2021 14:21

O Laboratório de Estudos de Gênero e História (LEGH) da UFSC torna publica a seleção para 04 (quatro) vagas de bolsistas PIBIC, e até 02 vagas para voluntárias/es/os (com registro no programa PIBIC voluntário) para os projetos/planos de atividades descritos abaixo, para o período de 01/09/2021 a 31/08/2022.

Para a inscrição, as/os/es candidatas/os/es devem enviar por e-mail os seguintes materiais:

1. Histórico escolar;

2. Uma carta breve explicando seu interesse no ou nos projetos e nome completo, CPF, e-mail e telefone.

As inscrições serão aceitas até o dia 10/08/2021 no e-mail legh.cfh@gmail.com, Assunto: Seleção PIBIC

Será realizada uma entrevista no dia 11/08/2021 a partir das 16:30h. A cada candidata/o/e enviaremos o link e horário para entrevista.

Podem se inscrever estudantes de História, Arquivologia, Jornalismo, Computação (para um dos projetos) e outros cursos de ciências humanas e sociais.

As vagas são para os seguintes projetos:

1. Laboratório de Estudos de Gênero e História, um Arquivo dos Feminismos do Cone Sul, coordenado pela Profa. Dra. Janine Gomes da Silva (1 bolsista)

2. Mulheres na política em tempos de ditadura: Gênero, Feminismos e Emoções (Cone Sul – 1970-1989), coordenado pela Profa. Dra. Cristina Scheibe Wolff (2 bolsistas)

3. Os feminismos e as possibilidades democráticas para as mulheres no Cone Sul (1982-2012), coordenado pela Profa. Dra. Joana Maria Pedro (1 bolsista)

4. A internet como campo de disputas pela igualdade de gênero, coordenado pela Profa. Dra. Cristina Scheibe Wolff  (2 voluntárias/os/es) (Ver https://voluntario.ufsc.br/ )

O edital completo que contém as condições de elegibilidade e todas as obrigações e direitos dos bolsistas PIBIC pode ser consultado no link http://pibic.propesq.ufsc.br/files/2021/07/Edital-PIBIC-2021-2022_Retificado_26-05.pdf

TV UFSC exibe os vídeos do Projeto Mulheres de Luta

05/05/2021 16:01

Estreou no último sábado, 1 de maio, às 21h30, na TV UFSC, a exibição dos vídeos-documentários do Projeto “Mulheres de luta: feminismo e esquerdas no Brasil (1964-1985)”, do Laboratório de Estudos de Gênero e História (LEGH/UFSC).

Coordenado pela professora Drª Cristina Scheibe Wolff e financiado pela CAPES, serão exibidos 19 vídeos temáticos, além do making off, que contam aa história e a experiência de mulheres na militância de esquerda no período de ditadura civil-militar no Brasil.

Os vídeos são apresentados na TV UFSC todos os sábados, às 21h30, com reprise nas terças-feiras, às 22h30. Os vídeos também encontram-se disponíveis no Canal do Youtube do LEGH, na Playlist Mulheres de Luta.

Além dos vídeos, o Projeto tem também um Webdocumentário, que está disponível em: www.mulheresdeluta.ufsc.br; e um livro, que está disponível na Amazon (gratuitamente) e, também, no link: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/201257.

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Redação: Morgani Guzzo