Igor foi um dos presentes de Floripa e da UFSC em minha vida.
Nosso encontro, que logo se transformou em amizade, foi marcado desde o início por uma admiração mútua. Dessas quase instantâneas entre pessoas que compartilham as mesmas afinidades teóricas – inclusive, o mesmo tema de pesquisa -; a mesma afirmação como sujeito homossexual; a mesma crença de que a pesquisa histórica e a academia podem ser ferramentas de transformação social.
Não imaginei que o nosso próximo encontro se daria em circunstâncias tão tristes e tão dolorosas. Acabo de chegar do seu enterro.
Pensei que encontraria Igor em Floripa, como aconteceu em agosto, quando estivemos juntos pessoalmente pela última vez.
Ali passamos boas horas sentados num banco próximo ao Centro de Eventos, admirando a chuva que riscava a paisagem.
Além da lembrança das histórias sobre História, amores e decepções, tão típicas dos gays contemporâneos, guardo daquele dia, um livro que Igor me emprestou: A construção do discurso de sedução em um jornal sensacionalista.
Conheci a obra lendo a maravilhosa dissertação dele, As Sexualidades desviantes nas páginas do jornal Diário Catarinense (1986 – 2006).
O livro está marcado com uma dezena de folhas amarelas post-it que trazem a escrita de Igor e revelam o quanto ele era criterioso, perfeccionista e tímido. De tão minúsculas, suas letras são quase ilegíveis; A dissertação, de uma beleza e sensibilidade raras nas pesquisas históricas, mostra que aquele garoto de voz trêmula sabia usar a escrita como um samurai sabe manejar sua espada, de modo que seu trabalho é uma arma na luta contra os preconceitos, especialmente, contra a transfobia.
A dissertação de Igor, cuja leitura se faz obrigatória, é mais do que um trabalho de conclusão de Mestrado, ela é um manifesto do modo como Igor viveu: sensível e combatente.
Tentarei preencher o vazio deixado pela partida prematura de Igor com essas lembranças. Certo de que a melhor homenagem que podemos prestar a ele é continuar lutando contra essa sociedade machista, racista e homofóbica que marca nossas subjetividades, nossas vidas e nossas mortes.
Meu amigo Igor, sentirei sua falta.
Texto de Elias Veras, doutorando do Programa de Pós-Graduação em História Cultural da UFSC.
É com imenso pesar que informamos que Igor Henrique Lopes de Queiroz, doutorando da Pós-Graduação em História e pesquisador do Laboratório de Estudos de Gênero e História, faleceu nesta segunda-feira, 17 de novembro de 2014.
Perdemos uma pessoa extremamente inteligente, um grande historiador que teria ainda muito a contribuir para a sociedade. Acima de tudo perdemos também um amigo e pessoa admirada por colegas e professores. Todos respeitamos a sua decisão, sabendo que não é fácil viver neste mundo cheio de violências e preconceito. Nós que ficamos sentiremos as saudades das conversas, conselhos e alegrias compartilhadas e seguiremos em luta por um mundo onde haja espaço para todas e todos serem felizes.
Em sua homenagem deixamos um trecho dos agradecimentos de sua dissertação de mestrado, também defendida nessa Pós-Graduação, que agora se junta na lembrança que levamos do companheiro e amigo:
“A todas/os as/os militantes, vivas/os ou não, que lutaram por anos a fio por mais segurança, igualdade, justiça. Ao sangue derramado de dezenas de anônimas/os, muitas/os das/os quais essa pesquisa, infelizmente, sequer permitiu captar fragmentos de suas vidas. Dedico a todas/os vocês esse trabalho.”
Palestra com a professora Cláudia Lima Costa organizada como atividade de encerramento da disciplina Leituras dirigidas em Feminismos, Estudos Pós Coloniais e Decoloniais do PPGH em conjunto com o LEGH.
16 de dezembro no auditório do CFH, 10hrs. Todas convidadas!
Essa quinta-feira, dia 06 de novembro, 14 horas, será lido e discutido o artigo “O feminismo brasileiro desde os anos 1970: revisitando uma trajetória” de Cynthia Sarti. A reunião é aberta a todas as pessoas interessadas.
SARTI, Cynthia Andersen.O feminismo brasileiro desde os anos 1970: revisitando uma trajetória. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, 12(2): 264, maio-agosto/2004, p. 35-50. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ref/v12n2/23959.pdf
Essa quinta-feira, dia 30 de outubro, 14 horas, será lido e discutido o artigo “Quem pode resistir a Lara Croft? Você?.”. A reunião é aberta a todas as pessoas interessadas.
MENDES, Cláudio Lúcio. Quem pode resistir a Lara Croft? Você?. Estudos Feministas, v.16, n.1 , p. 45-60, jan. 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ref/v16n1/a04v16n1.pdf
Essa quinta-feira, dia 23 de outubro, 14 horas, será lido e discutido o artigo “Interpretando o gênero” de Linda Nicholson. A reunião é aberta a todas as pessoas interessadas.
NICHOLSON, Linda. Interpretando o gênero. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 8, n. 2, 2000.
Disponível online em: http://mairakubik.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/mairakubik/sites/3/2012/08/interpretando-genero-nicholson.pdf
Nesse segundo semestre de 2014 as reuniões do Laboratório de Estudos de Gênero e História ocorrerão todas as quintas-feiras na sala do LEGH (3º andar do CFH, departamento de sociologia) às 14 horas.
Essa quinta-feira, dia 18 de setembro, será lido e discutido o texto “Experiência” de Joan Scott. A reunião é aberta a todas as pessoas interessadas.
SCOTT, Joan. Experiência. In: Silva, Alcione Leite da; LAGO, Mara Coelho; RAMOS, Tânia Regina (Orgs.). Falas de Gênero. Santa Catarina: Mulheres, 1999.
Disponível online em: http://historiacultural.mpbnet.com.br/feminismo/Joan_Scoot-Experiencia.pdf
No dia 10 de julho 2014 será lido e discutido o texto:
PASSERINI, Luisa. A memória entre política e emoção. São Paulo: Letra e Voz, 2011, p. 93-133 (Parte 2 – Gêneros e subjetividade).
O LEGH convida a todos e todas a assistirem a conferência intitulada: “A construção da mulher guerrilheira em narrativas brasileiras e argentinas referentes ao período de 64 a 85″. (Cristiane Lira, University of Georgia.).
O evento será no dia 25 de junho às 14hrs, na sala 327 do CFH/UFSC.
No dia 26 de junho de 2014 será lido e discutido o texto:
JELIN, ELizabeth. El gênero en las memorias. In:_____. Los trabajos de la memoria. Madrid: Sigle XXI, p.99-116.
