Projeto Violência Política de Gênero: disputas, discursos e participação de mulheres em espaços de poder

Projeto “Violência Política de Gênero: disputas, discursos e participação de mulheres em espaços de poder” 

Este projeto, desenvolvido no âmbito do Laboratório de Estudos de Gênero e História (LEGH/UFSC), tem como objetivo compreender as dinâmicas da violência política de gênero no Brasil, no Cone Sul e no México, analisando como discursos, ataques e mecanismos de exclusão afetam a atuação pública de mulheres em espaços de decisão, especialmente no contexto político e institucional.

A violência política de gênero é reconhecida internacionalmente como um obstáculo central à democracia contemporânea. Ela envolve práticas que vão desde agressões verbais e deslegitimações simbólicas até campanhas de ódio, intimidatórias e misóginas, frequentemente intensificadas pelas dinâmicas das plataformas digitais. Esses fenômenos transformaram profundamente as relações entre gênero, cidadania e esfera pública.

A pesquisa parte da compreensão de que a Web e as redes sociais se tornaram espaços privilegiados para a circulação de discursos políticos – inclusive aqueles que buscam desestimular a participação de mulheres ou reforçar hierarquias de gênero. Ao mesmo tempo, esses ambientes também são utilizados para mobilização, denúncia e resistência, colocando em disputa diferentes projetos de sociedade.

Inserido na perspectiva da História do Tempo Presente, o projeto desenvolve um debate interdisciplinar que dialoga com a história, as ciências sociais, a comunicação e os estudos feministas, buscando compreender como se estruturam as narrativas de violência, quais são seus alvos, como circulam e quais disputas se evidenciam no espaço público digital.

O problema que se coloca é: como a violência política de gênero se expressa nos discursos que circulam na Web e no debate público, e quais embates se tornam visíveis entre perspectivas feministas, antifeministas e antidemocráticas?

Busca-se identificar os principais temas em disputa, os enquadramentos utilizados para atacar mulheres, as estratégias de silenciamento e os impactos dessas práticas na participação política e na construção da cidadania.

 

Metodologia 

Para a coleta e análise de dados, são utilizadas abordagens digitais e qualitativas, envolvendo:

  • levantamento de páginas, perfis públicos e conteúdos em redes sociais como X (Twitter), Facebook, YouTube e Instagram;
  • identificação de discursos sobre mulheres em espaços de poder;
  • análise das retóricas de ataque, desinformação e deslegitimação;
  • uso de ferramentas informatizadas e métodos como netnografia, análise de conteúdo e análise de discurso;
  • exploração de documentos presentes no acervo do LEGH e de materiais institucionais relacionados ao tema.

O projeto combina métodos quantitativos e qualitativos para compreender tanto os padrões gerais quanto as experiências e narrativas específicas que emergem desses ambientes.

Pesquisa, extensão e divulgação científica 

O projeto articula a pesquisa acadêmica com ações de divulgação científica e produção de conhecimento acessível, contribuindo para debates públicos sobre democracia, participação política e direitos das mulheres. São produzidos:

  • artigos, capítulos e relatórios de pesquisa;
  • seminários, palestras e atividades de formação;
  • materiais didáticos e informativos destinados a estudantes, docentes, jornalistas, pesquisadores e ativistas;
  • contribuições para arquivos e acervos digitais mantidos pelo LEGH.

O objetivo é fortalecer o debate sobre a violência política de gênero, ampliar a visibilidade do tema e colaborar com estratégias de enfrentamento e proteção de mulheres que atuam na vida pública.